2011-05-30

Somewhere

Imagens surgem e desaparecem nas nossas mentes como se de reflexos em águas agitadas se tratassem. São consequência de momentos e locais que marcaram, geraram sentimentos, que prenderam. São ligações criadas por algum tipo de impacto emocional e que moldam também a essência da individualidade. Há nisso algo de potencialmente vulnerável, porque a nossa percepção alimenta-se da realidade que vive na memória e da realidade em constante captura do presente.
Explorar o espaço da memória é uma forma de perpetuar histórias, como quando se contam de geração em geração. A sua descrição ou reconstrução submete-nos a uma inevitabilidade da criação de um paralelo entre realidade e distorção. São representações imperfeitas de um passado que é alterado, fragmentado, reconstruído e reinterpretado no tempo.

Entre a arte e a memória há um forte vínculo: são ambas lentes através das quais se percebe o mundo e se comunica. Somewhere apresenta uma exploração de locais e situações. É uma luta contra o sentimento de esquecimento, e uma aceitação do sentido do passado distorcido. É fazer deste passado algo tangível ao espectador, uma partilha de detalhes e de memórias complexas. Estas imagens serão captadas e descodificadas tendo por base outros entendimentos.

Catarina Lira Pereira.